sábado, 27 de dezembro de 2008

O Tédio

Se tivesse de eleger um número Um na lista de inimigos a abater, provavelmente elegiria o Tédio.
Traiçoeiro como só ele, vai minando o dia-a-dia sorrateiramente, disfarçadamente, criando esperanças vãs de que na próxima esquina surgirá, claro que surgirá, algo de realmente empolgante, algo de novo, algo acabado de nascer e, quando damos por nós, já não é a sua ausência que nos empurra, não é, porque ele lá está, sentado ao nosso lado, é antes a esperança que ele morra, a esperança que nasça algo que o mate. Nem que seja por mais uns anos.
Meu Deus! Onde é que se consegue arranjar "combustível" para aguentar isto por mais tantos anos quantos aqueles que a esperança média de vida, sempre a crescer, nos promete? Por favor não deixes que o meu falecido avô me contagie. Ficávam-se-me os cabelos em pé sempre que o ouvia dizer: -Já vi tudo o que há para ver.
Coitado, nunca percebeu que não era a falta de novidades, que na verdade abundam neste mundo "em perpétuo movimento". Era talvez a falta de imaginação. A falta de paciência.

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