terça-feira, 24 de março de 2009

Do Medo e do egoísmo

Antigamente azucrinavam-nos a cabeça com a vergonha de ser egoísta; ninguém nos perguntava o que sentíamos, do que gostávamos ou o que queríamos realmente da vida.
Era como se tudo estivesse já determinado. Como se não fosse permitido ter opinião, ser criativo, diferente.
É claro que essa treta ficou de tal forma implantada em nós que, tal como os nossos educadores, acabámos por transmitir isso aos nossos educandos. Mesmo que, tal como os nossos educadores, tenhamos introduzido algumas nuances, alguma abertura. Ainda assim, não foi suficiente. Não foi suficiente para lhes dar coragem, para lhes espantar o medo.
E assim fomos crescendo, nós e eles, no meio dos medos.
De todos, o pior é o medo da vida.
Venho agora tentar desfazer o que, provavelmente, também fiz sem querer. Venho agora confessar aqui que todo o medo que os meus filhos possam ter não é deles, foi meu. Venho agora dizer a todos os filhos de todos os pais que o medo que apanharam por osmose, mais não era do que o medo de os perder e que agora, que são já crescidos, não precisam mais dele. Podem deitá-lo fora. Já não vos faz falta.
Venho agora aqui dizer que não há motivos para ter medo. Que tudo tem um propósito. Que tudo correrá bem. Que podem ser egoístas. Que devem ser egoístas. Porque só assim, sendo egoístas, terão oportunidade de se conhecerem e só conhecendo-se se podem admirar e só admirando-se poderão, um dia, admirar os outros.

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