quarta-feira, 24 de junho de 2009

Da Honra

Eis uma palavra que tem vindo a perder a sua força, se não o seu significado.
Já não se ensina e não se pratica. Deixou de ter importância. Longe vão os tempos em que um Homem se distinguia pela sua honra; em que lutava para a salvar; em que perdê-la era a vergonha máxima. Em certas culturas orientais a honra, uma vez perdida, só era recuperável com a morte.
Reflectindo honestidade, respeito, integridade e justiça o conceito de honra urge ser recuperado. É claro que não ao nível das antigas culturas. É claro que não fará sentido alguém ir ao encontro da morte para salvar a honra. Mas faz todo o sentido que a sua importância seja restabelecida.
Samuel Johnson, no seu Dictionary of The English Language (1755), define-a como “nobreza de alma, magnanimidade ou desprezo à maldade”.
A honra é o sentimento que sobrepõe aos interesses particulares, os colectivos. É o sentimento que nos inspira o olhar para o bem comum, mais do que para o nosso imediato bem.
Mas é sobretudo a prática deste sentido, o da Honra, que nos traz a médio prazo o bem-estar que procuramos.
Bem sei que há muita gente que dorme bem apesar de não a ter. Mas acredito que mais cedo ou mais tarde essa capacidade os abandonará, porque é sempre mais grato fazer o que Deve Ser Feito do que fechar os olhos para satisfazer prazeres mesquinhos e imediatos que de efémeros desvanecer-se-ão.
Existe prazer na abdicação e na dádiva. Até porque é sempre um desafio, e os desafios depois de ganhos são motivo de orgulho.
Cumprir com a palavra dita; respeitar o próximo; ter consciência da importância do bem comum, são valores que não nascem connosco, têm de ser ensinados.
Pensámos que se tinham tornado desnecessários com o surgimento das leis e de quem as fizesse cumprir. Não é verdade. Se no Oeste antigo a sobrevivência dependia, em muitos casos, directamente da honra, nos tempos modernos essa questão não se põe. Contudo, parece-me a mim, que corremos o risco de voltar ao Farwest se continuarmos a ignorar estes valores, fundamentais para a nossa humanização e, principalmente, fundamentais para o nosso relacionamento e para a confiança que precisamos de depositar uns nos outros.
Um Homem sem palavra é muito menos Homem do que os demais.

1 comentário:

CF disse...

Ora aí está uma grande verdade. Há conceitos antigos que cairam em desuso... Pelas mãos de uma sociedade que se diz a evoluir. Evoluí, decerto, mas retrocede em tanta mas tanta coisa, que até assusta... Pricipalmente no que toca a valores...