domingo, 4 de outubro de 2009

"A vida decide-se até aos 35 anos"

Andei anos à procura de um colchão suficientemente rijo que me permitisse acordar sem dores no corpo. Quando me foram diagnosticadas algumas irregularidades cervicais consegui encontrar um quase perfeito. Quase, porque de rijo que é não se dobra e uma outra coisa que sempre ambicionei foi uma cama articulada que me permitisse ler sem prejudicar a coluna.
Quando mudei de casa decidi que a compraria, a tal cama. Passei o colchão rijo para o meu filho, pelo sim e pelo não, mantive-o perto de mim, ao colchão, não ao filho que a esse não faria bem.
Mas nada é perfeito na vida. E agora que posso ler na cama, não durmo tão bem quanto dormia e já dou por mim a esquivar-me para o tal de que não me separei, sempre que o meu filho decide ir pernoitar para outras paragens.
E esta conversa surgiu-me porque ao ler Daniel Sampaio fiquei a saber que o pai dele dizia com frequência e convicção que a vida se decide até aos 35 anos!
A minha vida ruiu aos 10; voltou a ruir aos 16; aos 37 e aos 45. E só não volta a ruir porque eu não hei-de deixar, mas que anda a ameaçar, lá isso anda.
Se a minha vida se tivesse decidido até aos 37 eu já estaria morta com certeza, ou, quem sabe, internada nalguma instituição para doentes mentais; ou então andaria para aí a deambular sem eira nem beira, ao sabor da boa vontade alheia.
Quando é que uma vida se decide?! Não será todos os dias? Não estaremos sempre a tempo de ajustar caminhos? De corrigir percursos?
“A vida decide-se até aos 35 anos” parece-me uma frase demasiado redutora!

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