domingo, 28 de fevereiro de 2010

Coração de mãe

Já aqui se disse uma vez que uma mãe se condena a transportar o coração nas mãos até ao fim da vida, para quem está prestes a sê-lo saiba que é verdade. E se não literalmente, imaginem-se a caminhar com as mãos em concha, em frente ao peito, sustendo um coração que pulsa e porque pulsa não pode ser apertado; imaginem-se a tropeçar numa qualquer pedra do caminho; imaginem que as mãos se fecham, porque é automático, para o proteger, ao coração. Imaginem o aperto…
Pois eu ontem tropecei. Tropecei logo de manhã quando acendi a televisão à hora do pequeno-almoço, como sempre o faço para ver as notícias, e vejo que no Chile houve mais um terramoto. A Terra não se cansa de nos assustar! E o meu filho está por lá, por aquelas paragens. Sem telefone; só com a Internet, que não é pouco se a ela tivesse acesso diário, mas não tem.
Passei o dia a olhar para as páginas do Facebook, à procura de notícias; a imaginar caminhos; a tentar perceber onde estaria ele aquando da tragédia. De mais esta tragédia.
Só hoje tive notícias: «Sobrevivi ao terramoto…», diz ele e eu acredito. Mesmo sem o ver acredito porque senão como estaria a escrever. Mas o meu coração pede mais – ouvir a sua voz pelo menos, que há tanto tempo já que não a oiço.

1 comentário:

CF disse...

Puxa Antígona. Ainda bem que ele está bem. Que o oiças depressa, é o que te desejo...