quinta-feira, 12 de abril de 2012

Estado Protector

Não deixa de ser curioso que um governo que tem vindo a desmarcar o Estado das funções públicas, privatizando até o impensável; aproximando-se cada vez mais do modelo norte-americano. Esse modelo que muitos norte-americanos têm combatido por permitir, por exemplo, que às portas dos hospitais morra quem não tem dinheiro ou seguro. Esse modelo que grita à boca cheia que é já tempo de se acabar com o Estado protector. Que é tempo do povo crescer e fazer por si! Como se o povo fosse uma massa cinzenta, incansável, capaz de descer aos infernos para sustentar o glamour em que vivem esses que atingiram a maturidade que os protege, incondicionalmente, de morrer à porta seja de que hospital for. Não deixa de ser curioso, dizia eu, que um governo assim pense sequer em avançar com uma proposta que proíbe o fumo dentro de qualquer veículo que transporte crianças, substituindo assim o pai, a mãe, o tio, o primo e até os avós que, imaturos e irresponsáveis, dependem dele, governo, para cuidar das suas crias. 

Caríssimos governantes, não se preocupem com o fumo que eventualmente se possa atirar às trombas seja de quem for. Preocupem-se, isso sim, com aquilo que fazem ao dinheiro que nos tiram. Preocupem-se em garantir a este povo, adulto para o que lhes convém, a saúde, a educação e a dignidade na velhice pelas quais lutou tantos anos, pelas quais pagou e continua a pagar e às quais tem todo o direito do mundo. 

A julgar por tudo o que passa, estaria capaz de afirmar que existe, neste momento, uma enorme confusão entre os conceitos de público e  privado. Talvez necessitem, todos vós, de uma reciclagem de português, ou de ética e valores, quem sabe…

2 comentários:

Sputnick disse...

Essa estúpida medida, não passa de mais uma caça à multa, quem fuma no carro ao lada da criança, também fuma em casa, ao lado da mesma criança.

gina henrique disse...

Que estes senhores (des)governantes se considerem acima do povo que eles acham pobre ,ignorante e tolo nós já sabíamos , mas que nos apelidem de irresponsáveis por não nos sabermos comportar junto das nossas crianças essa é demais!
Até onde será possível esticar a corda sem que ela se parta!...