sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Como todos os animais


Bem, não sei se serão todos mas os primatas, por exemplo, sem dúvida…

Então, como todos os primatas (fica melhor assim), os homens da pré-história aqueciam-se uns aos outros, catavam-se, abraçavam-se, tocavam-se sem medos ou preconceitos, e embora não haja registos do nível de felicidade que sentiam, basta ver A Guerra do Fogo para percebermos a estreiteza dos laços que uniam os membros de cada tribo, a forma simples e vigorosa como se amavam, se apoiavam, se defendiam dos maus.

Depois aprendemos a escrever, inventámos moralidades, construímos cidades e vieram as pestes.

Lá se foram os abraços e os beijos. Lá se foram as manifestações de carinho.

Tornámo-nos frios e distantes, com medo do contágio. E nunca mais nos aproximámos como antigamente – no tempo da pedra lascada.

Mesmo assim a minha geração fez alguns progressos e abraçou e beijou os filhos, ainda que sem conhecimento de causa.

Agora vive-se um outro fantasma – o da pedofilia.

Quase que se podem ler os letreiros nas testas das crianças – Não Tocar!

Um dia destes, quando tiver tempo, vou averiguar se já houve, ou há, algum crânio que tenha estudado os malefícios que a ausência de manifestações físicas de afeto tem trazido para a humanidade.

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