domingo, 9 de setembro de 2012

Independência ou morte!

Não sei se é dos tempos que vivo se do local onde passei a trabalhar aos domingos, e num ou noutro dia em que precisem de mim, mas é agora, mais de meio século passado sobre o meu nascimento, que a língua se me solta e os impropérios, que antes me faziam corar, me parecem mais apropriados do que nunca, eu diria até – insubstituíveis.
 
Que se fodam os contribuintes, dizem eles. Que se fodam eles, digo eu. E se não conseguir em tempo útil realizar aquele sonho, que não é velho porque não se afigurava lógico mas que é recorrente, de me independentizar destes cabrões, hei-de morrer a tentar. Quanto menos eu precisar deles, menos moça me fazem.
 
E se estão confusos com a verborreia, eu passo a explicar.
 
Vivo num bairro (odeio a palavra urbanização), que conta apenas com uma saída, e uma entrada evidentemente, civilizada, i.e., feita de estrada esfaltada onde as viaturas podem circular sem sofrerem danos; e uma outra, de emergência digamos assim, feita de terra batida, mais caminho do que estrada, que deixa os carros empoeirados e dá cabo dos pneus e da suspensão, obrigando a uma condução ébria de forma a evitar as sucessivas crateras que nela se instalaram há muito.
 
Ora, volta não volta, a um domingo qualquer, que já não é o primeiro, as autoridades decidem fechar a estrada esfaltada e, sem mais nem menos, sem qualquer "desculpe lá o incomodo", impedem-nos de sair daqui a não ser que queiramos afogar o automóvel no mar de terra batida.
 
A falta de respeito não tem limites! Querem lá saber se a gente paga impostos! Querem lá saber se somos cidadãos! Aliás, neste país, todos os cidadãos se estão rapidamente a transformar em cidadãos de terceira. Não é de segunda, atenção! É de terceira!
 
Foderam-se porque, ao dar a volta, verifiquei que afinal aqui no bairro há um mini mercado que abre ao domingo. Estamos a mais de meio caminho de nos tornarmos independentes e não precisarmos deles para nada.

Sem comentários: