sábado, 16 de março de 2013

Malabarismos

Adaptação é a palavra de ordem. Adaptação e cedência. Eis o segredo. Eis a dificuldade. Eis…ia dizer a dor mas reconheço o exagero. Dor é outra coisa. Dor é coisa que segue desgraça e eu estou a falar de um caminho que se quer de graça. E agora até parece que a mente me fugiu para as despesas. Não. Refiro-me à graça que se opõem à desgraça. Sim, essa, porque a outra não existe. É uma ilusão. Sabemos disso desde os anos 30 do século passado, ainda que se ignore o cérebro que a tal conclusão chegou. Eis então o segredo; eis a dificuldade. Abdicar. Abdicar de coisas que nos acompanham há séculos e que espelham o nosso percurso, só porque não cabem dentro de casa. Abdicar de decisões para nós primordiais e muito muito superiores a outras quaisquer – não tivessem sido elas as nossas companheiras de luta até à data. Abdicar de saberes. Subvalorizar experiências preciosas, só porque (só porque – reparem!) as do outro existem! É isto, também, a vida. A alternância entre a certeza e a incerteza; a revisão dos valores; a adaptação das crenças; a aceitação do outro, tão diferente de nós! Carregado de ideias estranhas, esquisitas, despropositadas porque não são as nossas. E tão mais despropositadas quanto mais delas se afastam.
Adaptação é a palavra de ordem. Adaptação e cedência. Aprendizagens que se fazem com tempo, muita paciência e aos empurrões. Há coisas demasiado empedernidas em almas quase sexagenárias!
Adaptação é a palavra de ordem. Adaptação e cedência. Aprendizagens que se fazem devagar, hora a hora, com muita calma, como se estivéssemos a atravessar um cabo, suspenso q.b., de barra de equilíbrio nas mãos e um pé sempre à frente do outro. Cuidado! É importante que o calcanhar do da frente se una à ponta dos dedos daquele que fica para trás. E vale a pena lembrar que as posições, para que se avance, têm de ser alternadas.

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