sábado, 15 de junho de 2013

O cão dos Baskervilles cá do sítio

Nem todas as pessoas são boas, ainda que o padre Américo gostasse de acreditar que sim, e não sei se é mito ou não mas os cães, e se calhar os gatos também, não faço ideia, parece que saem aos donos, que é como quem diz – são maus se forem educados para o ser. São maus se forem criados por gente má.
 
Aqui no sítio há um cão que me faz lembrar o cão dos Baskervilles. Grande, possante, feio, aterrador. Mau como as piores cobras, tem fama de atacar à traição e, segundo se conta, já limpou o sebo a mais do que um que, abocanhando, só larga quando sente que o fim da presa chegou.
 
Várias queixas já foram feitas mas o dono está-se nas tintas para elas e, embora seja raro ver-se de dia, de noite deambula pelas ruas e hoje, enquanto passeávamos a Puca, vimo-lo sair disparado desta nossa rua. Passou por nós a correr, qual monstro saído de um dos mais elaborados filmes de terror americanos.
 
Trata-se de um serra da estrela gigante, que perdeu o pelo na metade traseira do corpo o que lhe dá uma aparência leonina – sem desprestígio para quem é do Sporting, até porque o leão do clube, ao pé deste cão, parece um gato manso. Infelizmente, já tive oportunidade de o ver em ação e posso afirmar que o seu olhar é feroz, ao estilo assassino lunático e a queixada terrível, de presas salientes que ele faz questão de arreganhar para que não existam dúvidas quanto às suas intenções.
 
Assim que hoje se nos atravessou o caminho, o meu coração disparou, recolhi a trela da Puca e peguei na maior pedra que encontrei na certeza de que não hesitaria em arremessá-la se ele, mudando de ideias, voltasse para trás.
 
Dá sempre jeito ter um cão assim, ou seja o que for, por perto. É um excelente, por justificado, alvo de ódio e de raiva. Um excelente instrumento. Um enfrenta medos do caraças.
 
Hoje, de pedra na mão, senti-me poderosa e quase desejei que ele voltasse atrás para o matar. É que matava o desgraçado. Eu seja cão se não o matava.
 

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