sábado, 15 de junho de 2013

Passar por cá sem deixar rasto

Continuo resistente às mudanças. Mesmo que seja para melhor, resisto. Mesmo que sejam pequenas, resisto. Mesmo que sejam insignificantes, resisto. Mudar é difícil e todas as artimanhas servem para que fique nem que seja uma coisinha minúscula que, ilusoriamente, me aconchegue na segurança do passado.
A questão é que segurança? Que passado? Não me recordo de um passado verdadeiramente seguro, sem sobressaltos, a não ser o mais remoto, aquele que antecedeu a minha adolescência. O passado anterior a Fevereiro de 75 e, mesmo assim, até desse tenho sobressaltos, terrores, desproteções.
Então que resistência é esta? Talvez seja a resistência da descrença. A resistência de quem se acomodou ao que existe e receia o que virá. A quantos não acontece isto? Esta incapacidade de avaliar a vida que se leva, este habituar-se ao inabituável, este sentar-se comodamente no incomodável?
A predisposição para a mudança treina-se ao longo da vida. Especialmente se não nasceu connosco. E é indispensável que nos tornemos mestres na aceitação da mudança já que é a única forma de evolução. Engana-se quem acredita que evoluiu só porque por cá andou muitos anos. Se nasceu, viveu e morreu no mesmo lugar, nunca passou da cepa torta. Foi como se não tivesse existido e, acreditem, há gente assim. Gente que por cá passa  sem deixar rasto.

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