segunda-feira, 17 de junho de 2013

Quo Vadis, ou a hipótese de estarmos, mesmo, todos fodidos

Quo Vadis foi publicado em 1895 e, tendo como trama central uma história de amor, fala-nos da perseguição aos cristãos, levada a cabo pelos romanos. O seu autor, Henryk Sienkievicz, foi um polaco que viveu entre 1846 e 1916.
Li este livro quando era miúda. Mais tarde vi o filme que se repete ano após ano, principalmente na altura da Páscoa, na televisão portuguesa. A leitura do livro deixou-me impressionada, na época. O filme, de tão repetido, fez-me esquecer a expressão que o autor usou para definir a sua obra - Quo Vadis?
Foi esta expressão que me veio à memória esta manhã ao recordar as notícias que ontem li sobre a Grécia. Não se tratou de nenhum destaque. Antes uma daquelas notícias a que chamam breves, que enchem as margens de certas páginas e às quais eu gosto de dar importância porque, ao manter-me afastada dos noticiários – sim, é o que tenho feito -, é lá, nas breves, que encontro por vezes o que importa mas que, porque já passou, deixou de ser principal. Refiro-me ao encerramento da estação pública de televisão, na Grécia, e aos elogios que a troika fez ao presidente grego, semelhantes àqueles que os professores, ou os pais, fazem aos filhos quando eles se portam bem. Foi essa sucessão de breves notícias, que, aparecendo separadas podem criar, a quem anda cego, uma certa ilusão de não ter nada a ver o cú com as calças mas que me deixou, a mim, agoniada e me trouxe, esta manhã, à memória, a expressão com que me apeteceu batizar este desabafo e a subsequente história da perseguição aos cristãos.
Quo Vadis? Nós? Onde vamos? Para onde vamos? O que é isto meu Deus?! Quem são estas criaturas que entram assim pela casa dos outros adentro e mudam os móveis?! E depois, por um breve instante, veio-me à cabeça algo ainda mais elaborado, assim ao jeito da teoria da conspiração – e se isto anda a ser planeado há uma série de anos? E se, no meio de gente séria, honesta, carregada de boas intenções, houve sempre um diabo manipulador que, à laia das artes marciais, tem utilizado a força do adversário para lhe cavar a sepultura? E se estivermos, mesmo, todos fodidos?

2 comentários:

CF disse...

Pardon my french??... :)

( Estamos minha querida, olha que se calhar estamos mesmo...)

Sputnick disse...

Estamos todos, mas nem todos :)