terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Jornal i – uma morte anunciada



Não faço ideia se é assim com todos os meios de comunicação social mas num jornal a gente afeiçoa-se a tudo – às pessoas; às imagens; ao lugar; ao funcionamento; às regras e desregras e, mesmo que não se esteja lá todos os dias, mesmo que seja só um dia por semana, custa à brava deixar de estar.

Trabalhei no i todos os domingos durante cinco anos, até que deixei de trabalhar mas, ainda assim, o i continuava lá e chamou-me. Voltei mais duas vezes, dias seguidos. Matei saudades e, mesmo voltando só pontualmente, sabia que eles estavam lá. O jornal estava lá. Com aqueles jornalistas do caraças! Com os prémios que recebeu. Com o projeto com que começou. O i ia mudar tudo se vivêssemos num mundo onde vence o que realmente interessa.

Mas não vivemos. E ontem o i acabou. Acabou porque todos os que lá estavam, todos os que acreditaram no projeto quando o i começou,  já lá não estão hoje. E o meu coração está apertado como se alguém que me é querido tivesse partido.


A todos aqueles que conheci no i, a todos com quem tive o privilégio de trabalhar, o meu mais sincero e apertado abraço de obrigada.  Desejo que este país abra os olhos e reconheça o valor de quem o tem. Porque quando isso não acontece as pessoas murcham e podem morrer. E, se duvidam, recuem no tempo e voltem a ler o i de 2009.

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