Ainda bem que morremos todos e
que nada disto terá a mínima importância daqui a alguns anos porque, se assim
não fosse, estaríamos a viver um verdadeiro Inferno.
Espero não vos aborrecer com
este pequeno episódio. Conto-o por acreditar que ele é apenas uma sombra do
tanto pior que se passa dentro de cada vez mais casas, e pergunto-me até que
ponto é que os responsáveis por esta sui generis realidade se lembram que também
morrerão um dia e que, dado que não se sabe o que acontecerá depois disso,
convém jogar pelo seguro, digo eu...
Por mim, partirei com a certeza
de que me esforcei, todos os dias, por fazer o bem.
Cá vai:
Na sequência das alterações
económico-financeiras levadas a cabo pelos governos que se seguiram ao início
da crise, passei a ter de pagar IRS apesar dos meus rendimentos não terem
aumentado.
Em 2014, consegui fazer o
pagamento relativo a 2013 mesmo “à rasquinha” mas, em 2015, já não me safei e
tive de esperar por Dezembro para conseguir a quantia que as Finanças me pediam
e que tem correspondido, grosso modo, a um mês de salário.
Considerando que ele é baixo,
gostaria de saber como é que estas pessoas que fazem as leis dormem tranquilas
e cheguei à conclusão que elas não fazem a mínima ideia da luta que pessoas
como eu travam diariamente ou então, tal como faz sentido nos dias que correm,
estão-se nas tintas para as pessoas. O que interessa, verdadeiramente, são os
números. Pena é que sejam tão frios. Os números.
O meu azar foi que quem me paga
não o conseguiu fazer antes da primeira semana de Janeiro, pelo que foi nessa
altura que eu liquidei o IRS relativo a 2014.
Ora, em 2010, por ocasião da
compra de um apartamento que me tem dado água pela barba e que me deixou até
hoje intrigada com o que levou um banco a fazer-me um empréstimo, chegando
sempre à conclusão que só pode ter sido para me perseguir sem tréguas até ao
fim da minha vida – considerando que, se não o vender antes, terei de o pagar
até aos 80 e tal anos. Por ocasião dessa compra, dizia eu, entrei com um pedido
de isenção do IMI que me foi concedido pelo período de oito anos.
Assim, e tal como está indicado
no portal das Finanças, eu estou isenta de IMI até ao ano de 2017.
Imaginem então o meu espanto
quando, anteontem, ao abrir o dito portal dou de caras com uma etiqueta
vermelha, daquelas com que se marcam os piores dos caloteiros.
O que é que tinha acontecido?
Fácil – como eu não tive
dinheiro para pagar o IRS antes do final de 2014 e deixei a coisa arrastar-se
até à primeira semana de 2015, levantaram-me a isenção não alterando, contudo, a
informação que figura no espaço “isenções” do portal das Finanças.
Desta forma, sou castigada por
não ter tido dinheiro para pagar o IRS – sendo-me exigido mais daquilo que não
tive!
No rescaldo desta aventura, dou
de caras com uma notícia quase extraordinária,
“A paróquia de São Martinho das
Moitas, em São Pedro do Sul, foi multada em 6.300 euros por prestar apoio
social a mais seis pessoas do que estava habilitada pela Segurança Social. O
Centro Paroquial ainda recorreu para o Tribunal de Trabalho de Viseu, que baixou
o valor da contra-ordenação para 2.500 euros. Um valor “desproporcional”,
considera o padre responsável.”
É a lei, dizem as pessoas. É a
lei, dizem as Finanças. É a lei, dizem os tribunais.
A quem servem estas leis? pergunto eu.
Que legado ficará para os nossos filhos? para os nossos netos?
Que legado ficará para os nossos filhos? para os nossos netos?
1 comentário:
~~~
Uma 'patorra' pesada
que paralisou completamente o desenvolvimento
e deixou tantas famílias desesperadas e rondando o desequilíbrio mental.
~ A crueldade do monstro cego da burocracia...
Não deixe de procurar outra pequena fonte de rendimento que escape aos abutres...
~~~ Abraço amigo e solidário. ~~~~~
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